É muito comum me perguntarem sobre como ser feliz “durante o processo” de busca de um sonho, momento em que há muita renúncia e dor e em que parece não haver espaço para alegrias.
A verdade é que esse “processo” de busca não é um período específico, com início, meio e fim – esse processo chama-se “vida”. É isso mesmo: a vida nem sempre (ou quase nunca) é fácil ou confortável, e lutar pelos seus objetivos e sonhos é uma parte importante (e, sim, difícil) dela.
Quando você não aceita a felicidade nas circunstâncias em que se encontra e a projeta apenas sobre momentos futuros, sempre condicionando-a a algo (como ser aprovado, mudar de emprego, finalizar um projeto), está simplesmente negando sua própria vida. O dia de hoje não será revivido amanhã – você quer mesmo jogá-lo fora?
Faça o seguinte exercício imaginativo: pense em um alpinista. Você pode achar que a felicidade deste está em chegar no topo de uma montanha, certo? Mas se alguém o levasse lá em cima (de helicóptero, por exemplo), você acha que ele se sentiria tão feliz e realizado? Ou a experiência se resumiria, para ele, em mais uma vista bonita que ele logo esqueceria?
A felicidade está nesse nosso caminho, cheio de obstáculos, desafios, problemas e, claro, momentos maravilhosos também – e não no mero “chegar lá”.
Não dá pra ser feliz só no lazer, no prazer, no ócio e no fim de semana. Isso seria um desperdício deste presente que é a vida. Sim, crescer dói. Ficar forte dói. Mas é também extremamente reconfortante ir à para a cama à noite com a sensação de dever cumprido, de que aprendeu, amadureceu, melhorou, cresceu. Afinal, não é isso que é ser humano?
Se você reservar a felicidade apenas para quando conquistar todos seus objetivos e tudo estiver exatamente como você queria, você provavelmente já terá uns 80 anos (ou talvez nem aí você esteja feliz!) e terá jogado fora sua vida, deixando a felicidade sempre pra depois: “quando eu passar no vestibular…”, “quando eu entregar essa monografia…”, “quando eu conseguir aquele emprego…”, “quando eu me aposentar…” e por aí vai. Quem pensa dessa forma fica igual um cachorrinho correndo atrás de um osso amarrado no graveto pregado nas costas. Spoiler alert: você não irá alcançá-lo.
Tem certeza de que quer viver assim?