E se eu te dissesse que existe um método simples, direto e comprovado que pode ser aplicado hoje mesmo nos seus estudos e que tem o poder de aumentar significativamente o seu percentual de acertos, tanto em casa, quanto no dia da prova?
Acredite: ele existe. E não tem nada a ver com técnicas mirabolantes ou estratégias impossíveis de manter. Estamos falando de algo que todo concurseiro já ouviu: resolver questões.
Mas o que quase ninguém fala é que a forma como você resolve as questões importa (e muito!). Quando bem utilizadas, as questões ajudam a fixar o conteúdo, identificar os temas mais cobrados e treinar exatamente o tipo de raciocínio exigido pela banca.
O problema é que muitos concurseiros até incluem questões na rotina de estudos, mas não conhecem o jeito certo de usar essa ferramenta. E é aqui que mora o perigo: a rotina, por si só, não é suficiente. Quando feita no piloto automático, ela vira um esforço mal aproveitado — pode até parecer estudo, mas não te leva a lugar nenhum, acredite.
É justamente aqui que muitos concurseiros tropeçam: estudam com disciplina, mantêm revisões, seguem o cronograma… mas, na hora da prova, travam, esquecem ou repetem os mesmos erros.
Falta esforço? Não. Falta estratégia.
O erro que você não pode cometer
Um dos erros mais comuns — e que pode estar comprometendo sua preparação — é não incluir a resolução de questões desde o começo dos estudos.
Muitos concurseiros iniciantes passam semanas focando apenas na teoria, acreditando que precisam “dominar tudo” antes de começar a praticar. Mas isso só atrasa o aprendizado. Se você for para a prova “cru”, ou seja, sem nunca ter praticado com questões, mesmo que tenha estudado muita teoria, terá dificuldades para aplicar o que aprendeu na prática.
Por isso, a recomendação mais básica e importante é: comece a resolver questões logo que estudar um assunto. Assistiu à uma videoaula, leu um PDF ou estudou um tema? Antes de passar para o próximo, resolva de 20 a 30 questões relacionadas àquele conteúdo.
E não esqueça: de vez em quando, reserve um tempo para resolver questões cumulativas, que envolvam todos os assuntos que você já viu. Isso ajuda a fixar melhor o que aprendeu e integrar o conhecimento.
Com esse passo fundamental consolidado, você estará pronto para avançar para estratégias mais avançadas, que vão transformar o jeito como você usa as questões na sua preparação e elevar seus resultados.
Vamos, então, às dicas sobre a melhor forma de incluir a resolução de questões no seu cronograma para realmente aumentar seu percentual de acertos!
Como organizar seus estudos por questões para aumentar o percentual de acertos
1. “Pretesting”
Para organizar seus estudos e aumentar seu percentual de acertos, é fundamental adotar estratégias que realmente façam a diferença. A primeira delas é o pretesting. O pretesting consiste em, antes de mergulhar em um PDF, videoaula ou qualquer material novo, resolver de 5 a 10 questões sobre aquele assunto.
É normal não entender muito das questões e chutar as respostas. O objetivo aqui é despertar sua curiosidade e preparar seu cérebro para o que está por vir.
Além disso, essa “prévia” funciona como um sinalizador: ao estudar o conteúdo, você vai prestar atenção especial nos pontos que apareceram nas questões. Por exemplo, se em uma questão apareceu o tema “inexigibilidade de licitações” e você ainda não sabia o que era, ao encontrar esse assunto no material, será como se uma luz acendesse: “Isso cai em prova! Preciso focar aqui.” 💡
Assim, você já vai conseguir focar no que realmente importa para a prova desde a primeira leitura, tornando seu estudo mais eficiente e direcionado.
Com o tempo, você vai continuamente calibrando seu “termômetro” do que cai mais ou menos nas provas. Isso porque, após terminar um assunto, você deve continuar resolvendo questões sobre ele. E, então, a cada revisão daquele conteúdo, você já vai se atentar melhor para esses temas que viu nas questões e que estão mais frequentes nas provas. Legal, né?
Você encontra essa técnica detalhada no livro Fixe o Conhecimento. Recomendo muito a leitura!
2. Encarando os erros
Conforme você vai avançando nos estudos e acumulando questões resolvidas, é normal acumular também erros (faz parte do processo!).
Afinal, você ainda está aprendendo aquele assunto, então vai errar bastante antes de começar a acertar. O problema é não aproveitar esses erros da forma correta. Muitas vezes, você erra, dá uma olhadinha no comentário da questão, entende o que aconteceu e segue em frente. Isso, sinceramente, não é o ideal.
Um passo importante é você ir além do simples “entendi o erro”.
Por exemplo: se você errou uma questão sobre terceiro setor, vá até o seu material de revisão — seja um resumo, um mapa mental, ou os Mapas da Lulu daquele assunto — e anote ali, em algum espaço em branco, aquele ponto que você errou. Se o conteúdo já estiver no seu material, destaque ele com uma exclamação, uma cor diferente, um sublinhado (o que você preferir). A ideia é que, depois, você consiga lembrar que aquele tópico é uma “zona sensível”, um ponto que você precisa focar mais porque costuma te confundir.
O pulo do gato
Crie um documento para armazenar as questões que você errou: pode ser um arquivo no Word, no seu tablet, ou onde preferir. Um arquivo com um nome bem autoexplicativo, como “Questões Erradas”.
Como funciona? Toda questão que você errar, copie a questão completa e cole nesse documento, junto com o gabarito. Você pode esconder o gabarito de várias formas — eu, por exemplo, gostava de deixar a fonte na cor branca, assim, para ver a resposta, eu precisava selecionar o texto, o que ajuda a não “colar” sem querer.
O objetivo desse “caderno” é que você tenha um lugar onde possa revisitar todas as questões que já te deram trabalho. Além disso, dá pra organizar essas questões por “temperatura”, ou seja, você pode criar uma sessão de questões que você errou uma vez e outra só para as que você errou várias vezes.
De tempos em tempos, volte nesse documento para resolver as questões que você tinha errado e veja se agora consegue acertar.
Se acertou, ótimo! Você pode marcar com um “check”, mudar a cor da letra para verde ou fazer qualquer outra marcação que te mostre que aquela dificuldade foi superada. Mas, atenção: não deixe de revisar essas questões também depois de um tempo para consolidar o aprendizado.
Agora, se você errou a mesma questão de novo, ela vai para a sessão especial de “questões muito erradas” — aquelas que estão realmente travando seu entendimento. Essas merecem atenção extra, e você deve voltar nelas com frequência.
Se ainda não entender o conteúdo por trás dessas questões, não tenha medo de voltar à aula ou revisar o material antes de tentar resolver de novo. Esse cuidado faz toda a diferença para superar os obstáculos e realmente fixar o conteúdo.
3. A importância das questões mescladas
Outra técnica interessante para você melhorar o seu percentual de acertos é incorporar as questões mescladas nos seus estudos.
Ao terminar um assunto, não tem problema resolver 20, 30 questões daquele tema. Pelo contrário, para fixar a matéria, resolver muitas questões daquele assunto vai te ajudar demais. O erro está em continuar seguindo esse mesmo esquema nas revisões.
Resolver questões sempre em blocos, já organizados por assunto – por exemplo, 20 questões de direitos fundamentais, depois seguir para 20 questões de direitos políticos, e assim por diante – faz com que seu cérebro seja menos estimulado, pois ele já entra na questão sabendo o tema.
Imagine que você está fazendo uma bateria de questões só sobre dispensa de licitação. Seu cérebro já vai saber que nenhuma delas será sobre inexigibilidade, por exemplo. Com isso, você pode acabar acertando “no chute” ou por associação, sem realmente precisar pensar.
E, convenhamos, no dia da prova, as questões não vêm organizadas por assunto, né? Elas vêm todas misturadas, e aí seu cérebro pode travar, porque ele não foi treinado para pensar dessa forma.
Além disso, ao resolver questões por blocos, uma informação de alguma questão pode acabar te ajudando a acertar outras e, com isso, fica muito difícil de identificar se a matéria está de fato consolidada na sua cabeça.
Então, a dica é: uma vez por semana, separe um tempo — 30 minutos, 40 minutos, uma hora — e faça uma bateria de questões mescladas, com assuntos variados, como acontece na prova.
Assim, seu cérebro aprende a identificar o assunto da questão, analisar com calma e pensar no raciocínio certo para resolver, mesmo sem aquele “aviso prévio” do tema.
4. Especialize-se no perfil da banca
Uma maneira certeira de aumentar seu percentual de acertos é mergulhar no estilo da banca que vai aplicar a sua prova. Assim que o edital define quem será a responsável, o ideal é priorizar questões de concurso dessa banca e deixar as demais em segundo plano.
Por quê? Porque cada organizadora tem “manias” próprias: pegadinhas favoritas, entendimentos doutrinários específicos, formatos de enunciado, nível de detalhe exigido. Quanto mais questões dessa banca você resolve, mais familiar se torna o seu padrão — e menos surpresas aparecerão no grande dia.
Na prática, isso significa:
- Montar cadernos só com questões da banca escolhida.
- Anotar peculiaridades que aparecem com frequência (expressões, comandos, tópicos favoritos).
- Revisitar esses cadernos regularmente para consolidar o “jeito de pensar” da banca.
Quem chega à prova tendo treinado intensamente com esse perfil costuma reconhecer armadilhas e interpretar enunciados com muito mais segurança do que quem passou o tempo todo resolvendo questões de outras bancas.
Portanto, na reta final, especializar-se no estilo da sua banca não é um detalhe: é um diferencial que pode colocar vários pontos extras na sua nota.
5. Questões não são checklist
Para fechar, aqui vai um bônus poderoso: pare de tratar as questões como uma simples lista de tarefas a cumprir. Resolver questão não é checklist: é técnica de aprendizagem. Se você está apenas “passando o olho” nas alternativas ou marcando respostas no modo automático, está desperdiçando uma das ferramentas mais valiosas do seu estudo.
A ideia aqui é resolver as questões com atenção total. Leia o enunciado com calma, avalie cada alternativa e tente justificar, em voz alta ou por escrito, por que ela está certa ou errada. Esse exercício, apesar de mais demorado, turbina sua memorização e fortalece seu raciocínio.
E mais: é essencial analisar seus erros de forma estratégica. Por que você errou aquela questão? Foi falta de conteúdo mesmo ou foi desatenção? Pode ser que você tenha errado por deixar passar palavrinhas como “não”, “exceto”, “salvo”, ou por ignorar detalhes do enunciado, por exemplo. Se esse é o seu caso, comece a destacar essas palavras durante a resolução. Circule, grife, use asteriscos — o importante é criar um sistema que evite que seu cérebro passe batido pelas informações importantes.
Esse tipo de diagnóstico vai te ajudar a calibrar seu comportamento durante a prova, e não só o conteúdo. Na prática, concursos não medem só conhecimento: eles medem atenção, estratégia e leitura cuidadosa. E quem domina isso, acerta muito mais.
Estudar com estratégia muda tudo
Você pode até já ter ouvido por aí que fazer questões é importante. Mas agora você sabe como fazer isso do jeito certo: com método, com análise, com estratégia.
Então, recapitulando:
- Faça questões desde o início dos estudos.
- Desperte a sua curiosidade.
Foque na aprendizagem, não só na performance. - Inclua questões mescladas na sua rotina.
- Especialize-se no perfil da banca.
- E, acima de tudo, resolva com atenção total e aprenda com os próprios erros.
Se você colocar essas estratégias em prática, vai perceber que seu número de acertos vai subir — não por sorte, mas porque você treinou do jeito certo.
Até a próxima!